Chacina de Osasco: condenações de PMs e GCM vão de 100 a 255 anos




O GCM (Guarda Civil Municipal) de Barueri Sérgio Manhanhã e os policiais militares Thiago Barbosa Henklain e Fabrício Emmanuel Eleutério foram condenados ao final do quinto dia de julgamento no Fórum de Osasco, nesta sexta-feira (22). A defesa dos condenados diz que vai recorrer da decisão.
Os três agentes eram réus de 17 homicídios e 8 tentativas, em Osasco e Barueri, no caso que ficou conhecido como Chacina de Osasco.
Fabrício Eleutério foi condenado a 255 anos, 7 meses e 10 dias; Thiago Henklain, a 247 anos, 7 meses e 10 dias; e Sérgio Manhanhã a 100 anos e 10 meses.
Após a definição da sentença, houve choro de familiares dos réus e muita comoção.A esposa do PM Thiago Henklain saiu do plenário desconsolada e aos gritos:
— Meu marido. Meus filhos.
Fabiana Eleutério, irmã do PM Fabrício, também se mostrava indignada com a sentença:
Enterraram o meu irmão vivo.
Os crimes ocorreram no dia 13 de agosto de 2015. Das oito cenas de crimes, seis foram na cidade de Osasco e mais duas no município de Barueri.
O primeiro crime aconteceu às 20h49 em um bar na rua Astor Palamin e deixou dois mortos: Igor Silva Oliveira e Jonas dos Santos Soares.
Já o local com mais óbitos foi o Bar do Juvenal, localizado na rua Antônio Benedito Ferreira, em Osasco. Nesta ocasião foram assassinados: Adalberto Brito da Costa, Antônio Neves Neto, Eduardo Oliveira Santos, Fernando Luiz de Paula, Leandro Pereira Assunção, Manoel dos Santos, Thiago Marcos Damas e Tiago Teixeira de Souza. Há dois sobreviventes neste local.
Por fim, os últimos crimes foram na rua Irene, em Barueri, às 22h51. Nesta ocasião morreram Jailton Vieira da Silva e Joselma Vieira da Silva.
O último dia
O último dia de julgamento começou com a réplica da acusação, às 10h27, e pouco antes do anúncio da sentença, uma pequena multidão se reunia na porta do Fórum em apoio ao GCM. O promotor Marcelo Alexandre de Oliveira se concentrou novamente na desconstrução dos álibis dos réus e, diferentemente dos outros dias, focou no GCM Sérgio Manhanhã. Ele inclusive citou a forte presença da Guarda Civil Municipal de Barueri na plateia, comentou que mais pessoas sabiam o que ocorreria, e sugere que o primeiro endereço dos crimes tenha sido o Bar do Juvenal.
Categórico, ele afirmou.
— Ninguém mandou eles selarem o destino deles.
E acrescentou:
— É óbvio que houve divisão de tarefas nos crimes.
A tréplica começou após o almoço, às 14h01. Assim como no dia anterior, a ordem dos advogados de defesa seguiu com os defensores de Henklain, Manhanhã e Eleutério.
O advogado Fernando Capano, que faz a defesa do policial militar Thiago Barbosa Henklain, afirmou que a Polícia Civil do Estado de São Paulo está falida, classificou a investigação do MP uma 'estória', e criticou a presença do então secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes na investigação.
— Começa ele [Alexandre de Moraes] a fazer esquemas.
A advogada Flavia Artilheiro, penúltima a falar na tréplica, também atacou Moraes, hoje Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Ela, em plenário, o acusou de ser advogado da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
O advogado Abelardo Julio da Rocha, responsável pela defesa do GCM Sérgio Manhanhã, demorou apenas 16 minutos em sua defesa.
Como foi o julgamento
Ao longo de todo o julgamento, foram ouvidas 21 testemunhas. Para o Ministério Público o medo deu a tônica para algumas testemunhas da acusação. Os jurados revelaram incômodo no terceiro dia. A pedido de um dos advogados, o PM Adriano Henrique Garcia, que ficou preso quatro meses pelas chacinas de 2015, se sentou de frente para o júri. A cena se repetiu com o GCM Marcelo Carlos Gomes da Silva. A situação só não se repetiu uma terceira vez porque os jurados pediram à juíza Elia Kinosita Bulman, que alertou aos advogados para não o fazerem.
Outra cena que causou estranheza no júri foi o fato de o réu Fabricio Emmanuel Eleutério ter lido o depoimento e ter visto a mídia em que a testemunha protegida Elias o teria reconhecido. E o PM pediu para questionar as contradições da testemunha protegida. Ele tinha um papel impresso com trechos grifados. Segundo Eleutério, o depoimento de Elias teria sido liberado pela juíza, que negou.
No penúltimo dia de júri, o advogado Nilton Nunes, que faz a defesa de Eleutério, terminou sua fala na primeira fase de debates revelando os nomes dos sete jurados. O Ministério Público repudiou a ação.

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